“Neste momento o que nós vamos começar é outra forma de viver e de trabalhar”
Matilde Duarte
A catorze de março, devido à pandemia que chegou sem avisar, Matilde Duarte, proprietária do salão de cabeleireiro Matilde Duarte Cabeleireiro e Estética, consciente do perigo que a Covid-19 representa, informou as suas colaboradoras que iria manter fechado o salão por tempo indeterminado.
“foi tudo muito repentino mas mentalizei-me logo de que ia fechar o cabeleireiro. Cheguei às quatro horas da tarde e disse – meninas, considerem-se em casa. Vamos fechar.”
A realidade alterou, iriam ser vividos momentos difíceis mas Matilde Duarte nunca se sentiu completamente sozinha. É de salientar que durante o tempo em que manteve as portas encerradas, mesmo vivendo todas as consequências inerentes à atual situação, sempre foi extremamente apoiada pelo grupo L’Oréal: “a L’Oréal tem sido um parceiro incansável, de uma dedicação, disponibilidade e apoio incalculável. Não houve quase dia nenhum que não tivéssemos formação online com o intuito de nos esclarecerem sobre a gestão de negócios, sobre a Covid-19 ou sobre as medidas a tomar no futuro.
” O tempo não custou a passar porque nos sentimos sempre muito apoiados.” Entretanto, a partir do dia dois de maio, por decisão do Primeiro-Ministro, António Costa, com o parecer favorável dos parceiros sociais, ainda que com algumas reservas, terminou o estado de emergência em que vivia o país e foi apresentado o plano de desconfinamento devido à Covid-19 e o plano para a reabertura gradual da atividade económica aprovados no Conselho de Ministros.
Foi, assim, anunciada a reabertura dos cabeleireiros entre outras atividades e Matilde Duarte, para minimizar os riscos, preparou rigorosamente a chegada desta nova fase da sua vida
profissional adotando medidas rigorosas de higiene e segurança, cumprindo todas as indicações das autoridades de saúde. Entre as medidas delineadas inclui-se a imposição de um número limitado de clientes para que seja possível cumprir as indicações de distanciamento social.
Assim, afirma Matilde Duarte que “o salão passa a funcionar com metade das cadeiras que tinha. A trabalhar estarão quatro cabeleireiras mantendo a distância segura exigida”. Para além disto, o acesso aos serviços será feito apenas por marcação o que permitirá o mínimo de pessoas no interior do cabeleireiro. Em relação ao espaço também serão cumpridas todas as regras de limpeza, higienização e desinfeção.
Matilde Duarte explica que “para cada zona de trabalho haverá um caixote do lixo forrado, material de limpeza, desinfetante de mãos e do material de trabalho.
Cada funcionária terá a sua roupa de trabalho descartável e cada estação de trabalho tem de ser higienizada com a responsabilidade da pessoa que a usou. É, ainda, obrigatório o uso de luvas, máscaras cirúrgicas e óculos ou viseiras de proteção.
” Em relação aos clientes é pedido que leve o mínimo possível de objetos para dentro do estabelecimento e que usem máscaras descartáveis –“tem de haver muito civismo, compreensão e bom senso por parte das clientes”. Matilde Duarte diz, ainda, que a sala de espera não pode funcionar, não haverá revistas e os cortes de cabelo terão de ser escolhidos no iPad.
Vivemos tempos diferentes e Matilde Duarte conclui dizendo que “vamos começar outra fase. Neste momento o que nós vamos começar é outra forma de viver, de trabalhar. Nada vai ser como era. Naquele dia em que meti a chave na porta às quatro da tarde foi um dia, dia quatro de maio é outro. Vai ser outra fase, outra etapa. É como se virasse uma página e vamos começar de outra forma. Temos de ter consciência. Não são os mais ricos que vencem mas sim os que se conseguem adaptar”.