A pandemia de Covid19 e a consequente paralisação global das economias provocaram uma crise que só tem comparação com a de 1940, em plena II Guerra Mundial – afirma o Banco Mundial no seu mais recente relatório de Perspectivas Económicas. O Banco prevê uma recessão mundial de 5,2% em 2020, a mais profunda em oito décadas, “apesar das políticas sem precedentes” de mitigação do impacto do Covid19.
Num cenário mais optimista, e se as economias reagirem com vigor, a recessão poderia ficarse pelos 3%; mas num cenário mais adverso poderia subir a 8%. Em termos comparativos com idênticas crises de tempos recentes, a atual recessão é três vezes mais acentuada do que a recessão global de 2009. Contudo, em termos de produção ´per capita´, a contração global deverá baixar aos níveis de 1870.
O Banco Mundial prevê ainda quebras de 7% no agregado das economias avançadas, entre as quais a Zona Euro (9,1%), os Estados Unidos (6,1%) e o Japão (6,1%). Para 2021, a instituição projeta uma recuperação de 4,2% na economia mundial, com as economias avançadas a crescerem 3,9%, entre as quais a Zona Euro (4,5%), os Estados Unidos (4,0%) e o Japão (2,5%). Estas previsões são mais pessimistas do que as divulgadas em abril pelo Fundo Monetário Internacional, que apontavam para uma quebra de 3% da economia mundial em 2020.
As economias avançadas, com um encolhimento estimado em 7%, acabarão por ser afetadas, pois quanto maior a nau, maior a tormenta. “As medidas de distanciamento social, o encolhimento agudo das condições financeiras e o colapso da procura externa deprimiram a atividade económica” explica o Banco Mundial.
Também o país responsável pela propagação inicial do vírus será duramente castigado: “assumido que o surto permanece sob controlo e a atividade recupera mais tarde este ano, é projetado que a China abrande para 1% em 2020 – de longe, o crescimento mais baixo que registou em mais de quatro décadas”. O cenário base do Banco Mundial não deixa de ser relativamente otmista, ao considerar que “a pandemia retrocede de tal forma que as medidas de mitigação doméstica podem ser levantadas a meio do ano, que as repercussões adversas globais abrandam na segunda metade do ano, e que as deslocações nos mercados financeiros não são duradouras”.
Mas um cenário diverso também não pode ser inteiramente descartado neste momento: “A recessão mundial seria mais profunda se controlar a pandemia demorar mais tempo do que o esperado, ou se o “stress” financeiro espoletasse falências em cascata”. A pandemia revela a necessidade urgente de ações de política de saúde e económica – incluindo cooperarão mundial – para amortecer as sua consequências, proteger as populações vulneráveis e melhorar a capacidade dos países para prevenir e lidar com eventos semelhantes no futuro”, lê-se na síntese do Banco Mundial. “O investimento, que é mais cíclico e mais sensível ao comércio que outras categorias de gastos, declinou a nível mundial à medida que as empresas encontram problemas de financiamento e atrasos nas expansões”.
O aumento do custo do crédito está a penalizar, em particular, as empresas exportadoras. Segundo o Banco Mundial, “as disrupções nos mercados de crédito tiveram um papel importante na contração do comércio mundial na crise financeira mundial e na fraqueza subsequente da sua retoma”. Assim, “a quebra de atividade acentuada na primeira metade do ano deverá contribuir para uma contração do comércio global de cerca de 13,4% em 2020”. O Banco crê que a recuperação deverá começar na segunda metade do ano, à medida que “são levantados controlos, as viagens retornam a níveis mais típicos, e os fabricantes renovam o inventário”. Ainda assim, avisa o Banco Mundial, a retoma deverá ser “historicamente fraca, refletindo o carácter excecional da atual crise, bem como a duração temporal que levará a recuperação da confiança.
Orlando Fernandes