“As sociedades tradicionais sempre se impregnaram de um envolvente metafísico que tornava (e torna) difícil discernir com precisão as fronteiras entre as dimensões do sagrado e do profano.
Nestas, as festas, ancestrais e tradicionais, surgem como eclosões do sagrado num tecido socio-temporal predominantemente profano”, assim falava o antropólogo Aurélio Lopes na conferência proferida na tarde do dia 21 de julho, com o tema “Simbologia religiosa e ruralidade no século XVI”.
“Nas sociedades tradicionais, todos os bens são sujeitos de influência e manipulação por parte de entidades sagradas mais ou menos divinas: maléficas ou benéficas.
Carecem, assim, de especiais proteções muitas vezes a cargo daquelas a quem é reconhecido o papel de tutores de tais áreas e competências. Entidades a quem todos os anos, por exemplo, se consagram as novas colheitas ou se encomendam os novos nascimentos. Assim, antes de tudo, a Festa constitui, ancestralmente, a celebração festiva popular pelo fluir adequado daquilo a que poderíamos chamar, hoje, as energias positivas necessárias a uma vivência comunitária, saudável e fértil”, disse ainda Aurélio Lopes.
Célia Ramos